RIO - Com a ocupação da Favela da Rocinha, o estado vai retomar a execução de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1) que tinham sido paralisadas, como a construção de plano inclinado, creche, biblioteca e ações de urbanização. De acordo com a Empresa de Obras Públicas (Emop), até agora já foram gastos R$ 277 milhões e, até dezembro de 2012, serão investidos mais R$ 51 milhões (sendo 60% da União e 40% do estado).
Outro projeto importante que deve ser concluído em até três meses é o do parque ecológico. A Emop informa que o governo do estado ainda investirá R$ 5 milhões, de um total de 26 milhões. Somando-se o montante para a conclusão dessas obras a novas intervenções previstas no PAC 2, a comunidade deverá receber R$ 756 milhões até 2014.
Parque ecológico conterá expansão
Iniciada em 2009, a obra do parque ecológico surgiu como uma alternativa à instalação de muros para conter o crescimento desordenado da favela. Numa área de oito mil metros quadrados e 700 metros de extensão conhecida como Portão Vermelho, estão sendo instaladas trilhas e área de lazer, com churrasqueiras, quiosques, quadras, mirante e um teatro a céu aberto.
— Tratava-se de uma área degradada de Mata Atlântica, com moradias irregulares. Realizamos o assentamento de 250 famílias para unidades habitacionais — explica o presidente da Emop, Ícaro Moreno.
As obras do plano inclinado — que ligará o Túnel Zuzu Angel à Rua 1 — devem ser retomadas em três meses e serão concluídas até o fim de 2012. O modelo é baseado no que já existe no Morro Dona Marta, em Botafogo, e a estimativa é transportar diariamente três mil pessoas. A Comlurb também poderá realizar o transporte de lixo pelo plano inclinado, já que haverá uma caçamba adaptada ao veículo.
O projeto inicial previa a construção de um segundo plano inclinado, ligando a Rua 2 à do Valão, mas ele foi substituído por outro empreendimento: a instalação de um teleférico nos moldes do existente no Complexo do Alemão. O sistema, que será integrado à Linha 4 do metrô, contará com nove estações, percorrerá um trecho de 2,5 quilômetros e terá capacidade para 30 mil pessoas diariamente.
Para viabilizar o projeto, o governo marcou para o próximo dia 30 a concorrência pública a fim de elaborar a segunda etapa do PAC 2 da Rocinha. A estimativa é investir R$ 700 milhões, incluindo a construção do teleférico e obras de urbanização.
O secretário municipal de Conservação, Carlos Roberto Osório, destacou que o PAC 2 na favela deverá levar em conta a logística do lixo:
— No PAC 1, não priorizamos o lixo. Não foi tomado o cuidado de se ter a logística do lixo como uma das prioridades da intervenção. Já corrigimos isso no PAC 2, em conversas com o governo do estado.
A reurbanização do Largo do Boiadeiro e da Rua do Valão, que faz parte das ações do PAC 1, deve ser concluída até o fim de 2012. Nesses locais, haverá obras de prevenção de enchentes e de melhoria estética. Para isso, o comércio que funciona na área será realocado para um mercado popular, também em fase de construção.
Ainda estão previstas para serem inauguradas nos próximos três meses uma creche para 150 alunos e uma biblioteca integrada a um centro cultural.
— Haverá ainda a construção de um centro de referência para a juventude, com ações de cultura e lazer, e de um núcleo de prevenção à violência, com atuação na questão da mediação de conflitos, principalmente entre vizinhos, e na violência contra a mulher — explica o secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves.
Outra novidade a caminho da Rocinha será uma parceria do estado com a iniciativa privada para a instalação de TV por assinatura a preços populares.
— Vamos garantir a oferta de serviços legalizados por assinatura a preço acessível à população local, a R$ 29,90. Em primeiro lugar, vamos dar continuidade do acesso à população a serviços que eles tinham de maneira ilegal; em segundo, vamos acabar com o serviço ilegal que alimenta o crime e o poder bélico — afirma Neves.
Entrada da Rocinha já está concluída
Na chegada à Rocinha pela Autoestrada Lagoa-Barra, o cenário já destoa do resto da favela. No local, já foram concluídas obras do PAC 1, entre elas a construção de um complexo esportivo que ocupa uma área de aproximadamente 15 mil metros quadrados.
Ali também já funciona uma UPA 24h, administrada pela Secretaria municipal de Saúde. Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, uma passarela corta a autoestrada e liga o complexo esportivo à comunidade.
Outras ações de urbanização já foram concluídas: melhorias em 60 residências e construção de 144 unidades habitacionais, que já dão um colorido especial à Rocinha.
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